Amor próprio
Essa desorganização em mim é fruto do que tenho vivido ultimamente. São fatos desorganizados que me desorganizam e que me organizam. Essa desorganização me permite conhecer minha organização. Enxergo outras coisas hoje. Quer dizer, não sei se enxergava antes, talvez eu estivesse tentando entender o que tateava. Minha semente é boa e ingênua, mas cega. Permita-me entender-me. Boa e ingênua, sensível também. Cega porque tinha medo de enxergar, mas sabia, sempre soube, que enxergar existia. Sou sensível, sempre fui, mas tinha medo de enxergar porque enxergar vai longe e tinha medo de me perder. Hoje, não mais me perco porque enxergo. Decidi enxergar. Ah, eu tenho uma Bússola também, tinha antes, mas como não a enxergava, não a entendia. Eu sabia que a tinha, eu a sentia. Hoje sinto, vejo e a entendo. Ela me guia, não mais me perco. Somos só eu e a Bússola, é suficiente. Mais que isso é excesso, prefiro ser só. Humanos não me entendem, não se entendem. Mas eu me entendo; entendo tanto a ponto de entender que às vezes não me entendo e isso me basta. Hoje reconheço o deserto em que me encontro. Às vezes, tenho miragens, mas não são frutos de minha imaginação, são os humanos nos seus desertos privados vizinhos que invadem o meu e que me chamam para o deles, ou simplesmente querem ficar um pouco no meu. O problema dessas miragens é que elas não se mostram claramente, são distorcidas e por isso podem me desviar (nem sempre intencionalmente) do caminho que tenho que seguir. Eu também invado o deserto deles de vez em quando e reconheço que me apresento também como miragem, mas sempre tento ser o mais clara possível; nem sempre consigo, nem sempre posso. Bom, mas aí é com eles. Eles tem que se conhecerem o máximo possível para serem eles mesmos e não se deixarem enganar. Não que eu os tente enganar, não. O problema é que eles podem se enganar comigo. Não os culpo por não enxergarem. Mas há os que enxergam e com eles se torna mais fácil porque não me responsabilizo pelo sentido que às vezes não faço para eles. Com os que não enxergam, às vezes sofro por não fazer sentido e não poder fazer quase nada por eles, a não ser viver e fazê-los entender que não entender também é viver.
2 comments:
Texto perfeito! =**
Perfeito msm... acho q vou começar a citar minha amiga...
ehehehhe
:)
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