Friday, May 30, 2008

It speaks a zillion words




With My Own Two Hands

Jack Johnson

Composição: Ben Harper

I can change the world
With my own two hands
Make it a better place
With my own two hands
Make it a kinder place
With my own two hands
With my own
With my own two hands
I can make peace on earth
With my own two hands
I can clean up the earth
With my own two hands
I can reach out to you
With my own two hands
With my own
With my own two hands
I'm going to make it a brighter place
With my own two hands
I'm going to make it a safer place
With my own two hands
I'm going to help the human race
With my own two hands
With my own
With my own two hands
I can hold you
With my own two hands
I can comfort you
With my own two hands
But you've got to use
Use your own two hands
Use your own
Use your own two hands
With our own
With our own two hands
With my own
With my own two hands

Tuesday, May 27, 2008

Viver plenamente




“Eu disse a uma amiga:
— A vida sempre superexigiu de mim.
Ela disse:
— Mas lembre-se de que você também superexige da vida.
Sim.”

C. Lispector

Monday, May 05, 2008

Um pouco de Clarice no dia é sempre bom!


Numa conversa no MSN, Diego me falou do que as coisas que Clarice escreveu provocam nele. Concordamos em dizer que Clarice nos diz. Coisas de Clarice pra vc, Di.

Sim, esta é a vida vista pela vida. Mas de repente esqueço como captar o que acontece, não sei captar o que existe senão vivendo aqui cada coisa que surgir e não importa o quê: estou quase livre de meus erros. Deixo o cavalo livre correr fogoso. Eu, que troto nervosa e só a realidade me delimita.

Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada.

O mundo não tem ordem visível e eu só tenho a ordem da respiração. Deixo-me acontecer.

Um dia eu disse infantilmente: eu posso tudo. Era a antevisão de poder um dia me largar e cair em um abandono de qualquer lei. Elástica. A profunda alegria: o êxtase secreto. Sei como inventar um pensamento. Sinto o alvoroço da novidade. Mas bem sei que o que escrevo é apenas um tom.

Quero ser enterrada com o relógio no pulso para que na terra algo possa pulsar o tempo.

No entanto estou sendo franca e meu jogo é limpo. Abro o jogo. Só não conto os fatos de minha vida: sou secreta por natureza.

Arrepio-me toda ao entrar em contato físico com bichos ou com a simples visão deles. Os bichos me fantasticam. Eles são o tempo que não se conta. Pareço ter certo horror daquela criatura viva que não é humana e que tem meus próprios instintos embora livres e indomáveis. Animal nunca substitui uma coisa por outra.


Nada existe de mais difícil do que entregar-se ao instante. Esta
dificuldade é dor humana. É nossa. Eu me entrego em palavras e me entrego quando pinto.


O horrível dever é o de ir até o fim. E sem contar com ninguém. Viver-se a si mesma. E para sofrer menos embotar-me um pouco. Porque não posso mais carregar as dores do mundo. Que fazer quando sinto totalmente o que outras pessoas são e sentem? Vivo-as mas não tenho mais força. Não quero contar nem a mim mesma certas coisas. Seria trair o é-se. Sinto que sei de umas verdades. Que já pressinto. Mas verdades não têm palavras. Verdades ou verdade? Não vou falar no Deus, Ele é segredo meu.

A violeta é introvertida e sua introspecção é profunda. Dizem que se esconde por modéstia. Não é. Esconde-se para poder captar o próprio segredo. Seu quase-não-perfume é glória abafada mas exige da gente que o busque. Não grita nunca o seu perfume. Violeta diz levezas que não se pode dizer.

Dor é vida exacerbada. O processo dói. Vir-a-ser é uma lenta e lenta dor boa. É o espreguiçamento amplo até onde a pessoa pode se esticar. E o sangue agradece. Respiro, respiro.

É tão bom que as coisas não dependam de mim.

Oh, como tudo é incerto. E no entanto dentro da Ordem.

Trechos de 'Água Viva'.